Flaubert: um dos maiores escritores da França e suas influências

Gustave Flaubert certamente não é um nome desconhecido para você, mesmo que essa seja a primeira vez que procura informações sobre a literatura francesa. Afinal, é difícil não ter escutado falar em algum momento sobre um dos grandes escritores da França. A verdade é que esta não é a primeira – e nem será a última! – vez que escrevo por aqui sobre a literatura francesa, pois a sua importância é tão grandiosa para o mundo que o assunto nunca acaba.

 

São muitos artistas que deram vida e voz para todas as fases da escrita na França, mas especialmente hoje, cito o escritor Gustave Flaubert, precursor do nouveau roman e destaque do Realismo francês. Mesmo guardando um pouco do lirismo do Romantismo, o autor de Madame Bovary e a Educação Sentimental entre outras preciosidades, foi influenciado pelo estilo livre de escritores como Rabelais e Molière, além da imprensa escrita a qual criticava bastante.

 

Um pouco sobre Flaubert

 

Flaubert, valorizou e revelou a importância de elementos como a pesquisa e a documentação, a descrição detalhada de cada respiro em uma página, a recusa das facilidades romanescas e introduziu a ironia na narrativa. Grande prosador, se aprofundou nas análises psicológicas, senso de realidade e lucidez sobre o comportamento da sociedade. O importante escritor francês do século XIX, nasceu na cidade de Ruen em 1821 e faleceu em Croisset em 1880. Após a morte, a fama e a reputação cresceram através de suas obras até então aclamadas e outras inacabadas como Bouvard e Pécuchet.

 

Madame Bovary

 

Um dos livro mais conhecido do autor, certamente, é Madame Bovary. Mas você sabe o porquê disso? Escrito em 1859, Madame Bovary conta a história de Emma: uma moça jovem e sonhadora que foi criada no campo e educada num convento. Através da literatura, almejou as diversas fantasias românticas que lia, disposta a sair do campo a qualquer custo. Por isso, não foi surpresa quando casou-se com Charles Bovary.

 

Contudo, diferente de Emma que tinha uma alma burguesa, bela e requintada para os padrões da época, Charles era apenas um médico interiorano sem ambições. Desta maneira, Emma percebe que a vida que imaginava é bem diferente da realidade e tenta a todo custo superar o enorme tédio (l’ennui) e infelicidade que sente, recorrendo a qualquer método que pudesse ajudá-la: compras, filhos, amantes e etc.  Conhecido como o “romance dos romances”, Madame Bovary fez um enorme sucesso por sua originalidade e é até hoje considerado o pioneiro dentre os romances realistas.

 

Através do romance de Flaubert e de outras novelas românticas do século XIX, o termo para um transtorno de comportamento foi criado: o Bovarismo (ou até mesmo a síndrome de Madame Bovary). Esta designação foi introduzida pelo filósofo Francês Jules de Gaultier em seu estudo Le Bovarysme, la psychologie dans l’œuvre de Flaubert (1892).  Neste transtorno a pessoa se sente num estado de insatisfação crônica, produzido pelo contraste entre suas ilusões e aspirações e a realidade frustrante.

Educação Sentimental

Considerado um dos romances mais influentes do século XIX e elogiado por diversos escritores contemporâneos – como George Sand, Émile Zola e Henry James -, Educação Sentimental de Gustave Flaubert foi escrito em 1869. O romance narra a vida de um jovem francês chamado Frédéric Moreau. Com o pano de fundo sendo o testemunho do jovem sobre a revolução de 1848 e a fundação do Segundo Império Francês, Frédéric Moreau apaixona-se por uma mulher mais velha.

 

Com um tom irônico e pessimista, Flaubert nos mostra a visão da França em sua época: pessoas voláteis, egoístas e materialistas. Além disso, é válido lembrar que muitas experiências vividas pelo protagonista no romance são baseadas em experiências do próprio autor – sendo uma delas, apaixonar-se por uma mulher mais velha. Incluído na lista dos 100 melhores livros de todos os tempos de acordo com o The Guardian, é um livro que você certamente não deve deixar de ler.

Salammbô

Escrito em 1862 e considerado com uma das melhores produções de Flaubert, Salammbô levantou – e ainda levanta – divergências e discussões de opinião entre críticos, escritores e outros artistas. Enquanto o livro recebeu ferozes críticas de Charles Augustin Sainte-Beuve, ao mesmo tempo recebeu o apoio de Victor Hugo, Jules Michelet e Hector Berlioz – quanto a mim, ainda não li o livro. Mas se Victor Hugo apoia, eu assino embaixo! Afinal, não foi sem razão que o livro se tornou uma das preciosas joias da literatura francesa e da literatura mundial.

 

O livro, diferente de seus antecessores, trata-se de um romance histórico ao narrar acontecimentos passados na antiga Cartago – caso não saiba ou não se lembre, Cartago é a capital da Tunísia, país situado no Norte da África. Esses acontecimentos foram: as Guerras Púnicas e a Guerra dos Mercenários.

 

Salammbô é o nome da filha do general Amílcar Barca, general que na época contratou um imenso número de soldados para defender seu território das tropas romanas durante as Guerras Púnicas. Mais tarde, essa contratação levou seu exercito à vitória e os comerciantes da cidade organizam um festim comemorativo. Durante o festim, Mâtho, um dos mercenários, se apaixona por Salammbô. O problema começa a dar as caras quando os soldados contratados – mercenários – se revoltam com Amílcar Barca, pois não houve o pagamento da quantia previamente acordada entre eles. Com isso, começa a Guerra dos Mercenários. E no meio de toda a confusão instaurada, o manto no qual Salammbô havia sido consagrada é roubado: o manto sagrado da deusa Tanit.

 

 

Como se não bastasse ter escrito histórias incríveis, Flaubert também influenciou diversos escritores. E você sabe me dizer quais escritores seguiram a linha de escrita de Flaubert e foram influenciados por suas obras? Não? Vou te contar, mas não se esqueça de escrever nos comentários quais livros desses escritores já leu e recomenda aqui no Blog.

Eça de Queirós

 

Com o estilo sóbrio, claro e simples, o português era um crítico da sociedade burguesa assim como Flaubert. É possível de ver isso em O Crime do Padre Amaro ou falando sobre a decadência das famílias tradicionais em Os Maias. Em O Primo Basílio deixa claro a semelhança com o escritor francês ao escrever sobre adultério.

 

Vladimir Nakobov

 

O romancista era um admirador de Madame Bovary e trabalhou a obra com os seus alunos da Universidade de Wellesley e Cornell (EUA). O autor de Lolita admirava o detalhismo de Flaubert e a maneira como desenrolava assuntos polêmicos sobre a burguesia, mas sem perder a poesia.

 

Ernest Hemingway

 

Muitos críticos dizem que a forma como Flaubert descrevia a violência urbana em Educação Sentimental, influenciou o modo como o norte-americano Hemingway, descrevia sobre a guerra. Adorava a disciplina do mestre francês e durante o seu começo de carreira, escrevia seguindo os padrões de Flaubert, claro e direto. Assim construiu meticulosamente Por quem os sinos dobram.

 

Interessante, não é? O que você acha desses livros e desses autores? Já conhecia algum? Não se esqueça do desafio dado anteriormente! Se você gostou dessas curiosidades, saiba que sempre estarei dividindo com vocês as curiosidades sobre a literatura francesa.

 

Caso queira ler algo mais contemporaneo, recomendo descobrir um pouco sobre “O amor em Amélie Nothomb”, uma autora belga que vem se destacando bastante nos últimos tempos. E não se esqueça de me seguir no Instagram e no Youtube!

 

Au revoir!

 

Elisa

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Categorias

Mais Acessados