Café na França: a história da memória, convívio e socialização francesa

Você conhece a história do café na França? Para tudo existe uma história que pode ser contada. Seja para fazer com que as crianças durmam, para ensinar na sala de aula sobre um contexto histórico ou para matar o tempo. O caso do café não é diferente! Saber como ele surgiu na França, como se popularizou e porque os franceses gostam tanto de café é apenas mais um passo para se aproximar da cultura francesa.

 

É importante saber que a França possui incontáveis cafés e em Paris se concentram a maior parte dessas casas, que viraram pontos de encontros e uma marca aconchegante do país. O café é aquele companheiro fiel, diário e que recorremos sempre que possível, seja com algum acompanhamento ou puramente sozinho.

 

Os primeiros cafés da França

 

Os primeiros cafés surgiram em Paris em meados do século XVII. Desde o momento em que apareceram, tiveram popularidade entre os privilegiados que frequentavam. Nos cafés, as pessoas mais nobres da sociedade da época, se reuniam para conversar e conspirar. Rumores de que nos recém-inaugurados cafés faziam-se críticas ao governo teriam chegado aos ouvidos do rei, que questionou a um de seus conselheiros se não seria conveniente impedir o seu funcionamento para o futuro. Luís XIV, em meados de 1680, foi uma espécie de visionário: adivinhou e temeu, com um século de antecedência, o papel dos cafés na divulgação dos princípios e dos valores que contribuiriam para a derrubada da monarquia na França.

 

Importância na divulgação das ideias

 

Luís XIV não proibiu o funcionamento dos cafés, mas com o passar dos séculos se transformaram em um dos cenários mais característicos da paisagem francesa. Frequentado no começo apenas por grandes pensadores, artistas e personalidades da época, a inauguração dos primeiros cafés pela Paris do Antigo Regime já revelava alguns elementos de uma sociedade em transformação. Ao contrário dos salões literários, onde os integrantes da mais alta nobreza recebiam as pessoas, apenas uns poucos entre as distintas famílias da aristocracia parisiense podiam realizar encontros com um publico diversificado. Nos cafés,  o intercâmbio político, literário e cultural  podia acontecer entre um diferente público, pois se tratava de um espaço público. E isso, de certa forma, possibilitava a crítica ao rei e à própria nobreza. Enquanto no espaço privado dos salões literários a crítica era sacrificada em benefício da pura e simples bajulação ao rei e a seus favoritos

 

No século XIX

 

Na França de meados da década de 1850, muita coisa já havia mudado em relação ao tempo do absolutismo monárquico. Em pouco mais de cinco décadas os franceses testemunharam muitos acontecimentos. Entre eles a Revolução Francesa, a ascensão e a queda de Napoleão Bonaparte, a restauração do absolutismo com Luís XVIII, a Revolução de 1830 e a crise do governo de Luís Felipe, o rei burguês. Tudo acontecendo em meio ao surgimento de movimentos sociais como o dos operários e o das sufragistas.

 

É nesse contexto que a presença em lugares prestigiosos como os cafés vai se tornando, lentamente, mais diversa. À medida em que a sociedade ia se transformando, a frequência nos cafés também se modificava. Depois disso, passaram a ser admitidos ali os cavalheiros de ascendência menos nobre, assim como algumas pouquíssimas mulheres, observadas pelo público masculino com um misto de choque.

 

Na virada do século XIX para o XX a cidade de Paris já colecionava algumas centenas de cafés, espalhados pelos quartiers mais populares do momento. Entre eles, o Le Guerbois, o Le Dôme, o Closerie des Lilas, o Café de la Paix, além dos famosos Les Deux Magots e Café Flore.

 

 

No século XX

 

Ao longo do século XX, muito se discutiu, se produziu e se testemunhou à mesa dos cafés franceses. Artistas, intelectuais, escritores, mecenas, homens de destaque e pessoas comuns ali compartilharam com angustia as notícias da 1ª Guerra Mundial. Assim como as preocupações dos anos de 1920 e o aumento das tensões e rivalidades dos anos de 1930, marcados pela ascensão dos fascismos e pela iminência de uma nova guerra.

 

Café na França atualmente

 

Foi assim que, ao longo dos séculos, o café foi sendo convertido em verdadeiro personagem da história francesa: mais do que um lugar de memória, de convívio e de socialização. O café foi testemunha de um processo histórico diversificado, cujas complexidade e riqueza ainda nos apaixonam.

 

Os cafés de Paris são produtos e, ao mesmo tempo, testemunhas das grandes transformações pelas quais as sociedades europeias passaram. Interessante, não é? Escreva em francês aqui nos comentários, quais casas de café já conheceu na França ou gostaria de conhecer?

 

Não deixe de me seguir no Instagram e Youtube para ficarem por dentro de vários conteúdos incríveis sobre a língua, cultura e literatura francesa!

 

Bisous!

 

Elisa

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Categorias

Mais Acessados