Amante de Victor Hugo: a bela atriz francesa Juliette Drouet

Juliette Drouet foi amante número um de Victor Hugo e você provavelmente deve ter escutado falar dela por causa disso. Mas quem de fato era Juliette Drouet? E como ela conheceu o Victor Hugo? A história que vou contar, infelizmente, não é a das mais felizes.

 

Juliette Drouet

 

Julienne Josephine Gauvain, conhecida como Juliette Drouet, nasceu no ano de 1806 em Fougères, Ille-et-Vilaine. Não era filha única, teve um irmão e duas irmãs mais velhas, contudo, a vida desde o íncio não fora fácil: se tornou orfã de mãe meses após nascer e de pai dois anos mais tarde. Assim, dadas as circustâncias, foi criada pelo tio René Drouet. Sua educação começou numa escola religiosa em Paris e, apesar de toda a situação, era considerada uma garota de prestigio. Aos cinco anos, já sabia ler e escrever; aos dez anos, já conhecia a arte da poesia e literatura.

 

De freira para modelo

 

A principio, seu destino era se tornar freira, contudo, foi decidido que ela não era adequada para a função. Quem conhecia Juliette sabia que a jovem moça era impulsiva, bastante independente e temperamental. Logo, aos dezenove anos, tornou-se modelo e amante do escultor Jean-Jacques Pradier – na época, ele tinha trinta e seis anos. Além disso, era considerada pela sociedade parisiense como uma típica cortesã: vestia-se esplendidamente, gastava muito dinheiro e tinha uma beleza estonteante. Com olhos brilhantes, nariz fino, boca pequena e vermelha e um rosto oval emoldurado por cabelos num tom preto-azulado, Juliette era uma das mulheres mais lindas da sua época. 

 

Mais tarde, Juliette engravidou de Pradier e deu a luz a uma menina. Contudo, o escultor não se casou com ela e não reconheceu a filha; resolveu que o mais adequado seria dar conselhos para Juliette a fim de que ela conseguisse seduzir seus admiradores. A jovem, então, se tornou atriz e desempenhou pequenos papéis em Bruxelas. Sua fama começou quando viajou para Paris, porém, a maior parte de seu reconhecimento vinha devido a sua beleza do que de fato ao seu talento como atriz. Aproveitando sua beleza e seguindo os conselhos do antigo amante, Juliette começou a se tornar uma cortesã muito bem sucedida. Sendo bancada por nobres e ricos, chegou até mesmo a ser bancada pelo príncipe russo Anatoly Demidov. 

 

Victor Hugo

 

Ambos se conheceram, segundo algumas fontes, em um dos ensaios da peça de Victor Hugo onde Juliette desempenhava um curto papel de Princesa Negroni.

Naquela época em que se conheceram, Victor Hugo estava profundamente deprimido. O motivo? Havia descoberto o caso de infidelidade de sua esposa – Adèle Foucher – com seu melhor amigo. É interessante notar que para a época, ter um(a) amante, era quase como um status – todos queriam ter e apesar de não ser muito bem visto, tornava a pessoa ainda mais famosa. Diferente de Juliette que tinha um incrível senso de moda e uma beleza exuberante, a esposa de Victor Hugo não tinha senso para moda e tinha uma beleza razoável. 

 

Além disso, muitos a descreviam com uma inteligência limitada e lamentavelmente distraída. Adèle não tinha apreço pela cultura e importava-se apenas com a vida financeira do que com as outras coisas – e apesar de todos estes apontamentos, Hugo era incrivelmente apaixonado por ela.

 

Juliette, no entanto, era o oposto de Adèle. Apreciava a arte e a cultura, tinha um alto senso de moda, gostava de viajar e mantinha uma boa presença pública. Imensamente fascinado por Juliette, impôs certas ordens que Juliette não hesitou em seguir.

 

O romance nada romântico 

Victor Hugo sabia que Juliette ganhava dinheiro dos homens ricos e nobres que a bancavam e isso o envergonhava. Sabia também que o que a jovem garota ganhava em seus papéis no teatro mal dava para sustentar ela e a filha. Contudo, não hesitou ao ser categórico em sua decisão: ela deveria deixar a vida no teatro e o estilo de vida que levava.

 

Quem descobre isso deve imaginar que não seria um grande problema, afinal, Juliette havia se tornada a amante de Victor Hugo. O grande escritor com uma enorme fama para a sua época. Porém, nem tudo são flores. Apesar de ser influente e rico, Hugo não sustentava a amante. Em sua concepção, seria imoral ajudá-la e ele desprezava fielmente mulheres corruptas – com exceção de sua esposa. Além disso, o escritor proibiu Juliette de sair de casa sem o seu conhecimento e se comunicar com outras pessoas pessoas.

 

Corroído pelo ciúme

 

Que Victor Hugo era ciumento, já conseguíamos ter uma ideia. Mas, às vezes, ele era corroído pelo ciúme e se tornava um homem abominável. Victor a separou de todos que ela conhecia e não pensava em deixar a mulher. Ou até mesmo em morar perto da amante para aliviar eu sofrimento. Uma vez, chegou a perguntar o porquê de ela ter comprado uma nova caixa de pó dental e de onde havia tirado seu novo avental, o qual ela mesma tinha costurado.  “Ninguém tem o direito de atirar uma pedra em você ” , escreveu Victor a ela, ” exceto eu.” 

A sobrevivência

 

Juliette Drouet  fez o melhor que pode para sobreviver. Penhorou suas coisas na casa de penhores, sendo constantemente assediada pelos credores. Mais tarde, tornou-se secretária do escritor. Recebia de Hugo uma pequena quantia de oitocentos francos por mês que usava com sabedoria, registrando tudo o que fazia com o dinheiro – afinal, Hugo sempre verificava os gastos. Uma parte ia para as dívidas que precisava pagar e o resto era destinado ao apartamento onde morava e o internato onde a filha estudava.

 

Naquela situação, não podia dar-se ao luxo de ter uma vida proveitosa.  Muitas vezes ela nem acendia a lareira do quarto e em dias frios, ficava o dia inteiro deitada na cama embaixo da coberta. Não tinha mais como comprar vestidos novos – e Hugo tampouco a presenteava -, portanto, remodelava os antigos. Uma única vez, ele deu de presente um caderno a ela. Para que escrevesse seus pensamentos a ele.

A situação em que vivia a atingiu de maneira implacável. Aos 30 anos, a beleza começou a sumir, os cabelos tornaram-se grisalhos e usava vestidos que a deixavam ainda mais velha. Além disso, vivia numa relação abusiva com Victor Hugo. Mesmo sendo sua amante, ele não deixava que ela tivesse uma vida. Mesmo tendo dado a luz à quatro filhos de Hugo, ele vivia uma vida luxuosa e plena, enquanto Juliette contava o dinheiro para sobreviver. Com o tempo, a paixão que ele um dia sentira por ela foi desaparecendo.

 

O escritor e poeta teve cerca de 200 amantes; e ele mesmo anotava os nomes das mulheres num pequeno caderno. Juliette soube que não era mais a única amante de Victor Hugo. Quando a esposa Àdele morreu, Juliette desempenhou o papel de governanta dentro da casa do amante. Nessa época, ela já sofria de câncer e estava bastante debilitada, contudo, continuava a trabalhar para Hugo: organizava a correspondência e jantares além de atender as visitas e telefonemas. Sabia que Hugo trazia todo tipo de mulher para casa e em qualquer horário, mas continuava o seu trabalho porque o amava. A ex-atriz francesa morreu aos 77 anos e Hugo morreu dois anos depois, com 84 anos.

Após escrever toda essa história triste sobre Juliette Droeut, eu pergunto: você acredita que em algum momento Hugo realmente amou Juliette? No final, ser conhecida como a amante de Victor Hugo realmente foi algo que valeu a pena?

 

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À la prochaine,

Elisa.

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